terça-feira, 20 de outubro de 2009

Conto - Despedaçada

Um dia se encheu de esperança. Tinha um tempo que não o via... e seu chamado lhe pareceu algo novo. Um fio de cabelo para se segurar diante daquele penhasco que era a ausência dele. Tomou seu banho, colocou seu melhor perfume e seguiu o caminho que lhe parecia trazer de volta seu raio de sol. Naquela noite nada impediria o reencontro tão esperado. Nem a forte chuva, nem o trânsito caótico seriam capazes de impedi-la chegar.

 

Chegou animada. Realmente acreditava numa reaproximação, afinal qual o motivo que faria com que ele ficasse animado ao telefone? Em seus mais íntimos pensamentos sentiu que ele sentia falta dela, assim como ela sentia dele. Entrou no prédio. Tocou a campainha. A espera na porta lhe pareceu uma eternidade. Mas quando a porta se abriu, era ele. Seu coração bateu acelerado e teve a esperança de que um beijo apaixonado ganharia. Enganou-se. Ganhou apenas um beijo no rosto e um abraço.

 

Com esse cenário todo ficou paralisada e não conseguia entender os motivos que fariam com que fosse tratada tão friamente por ele. Foi nesta hora que percebeu que todas as suas esperanças de uma reaproximação estavam fadadas ao fracasso. Foi exatamente naquele momento que se sentiu como em diversos outros momentos em que não se sentiu querida.

 

Pegou suas coisas e saiu. Ele até que foi atrás. Neste momento ela ainda teve uma esperança de que seus lábios encontrariam os dele, mas novamente o engano fez-se presente. Ganhou um outro abraço, um beijo no pescoço e ainda ouviu: “Você está muito cheirosa”. Neste mesmo momento o elevador chega e ela só consegue dizer com a voz embargada: “Sinto muito sua falta”. As portas do elevador se fecharam, assim como a esperança que possuía...

 

 

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Frase do Dia: “Temos voltas a seguir, podemos ir, daqui pro mundo. Mas quero ficar por que quero mergulhar mais fundo. Só de me encontrar no seu olhar, já muda tudo. Posso respirar você, eu posso te enxergar no escuro. E muito tempo na estrada, muito trem... e como quem não quer nada, você vem. Depois da onda pesada, a onda zen. Vem namorar na almofada e dormir bem... Foi o seu olhar, o que me encantou. Quero um pouco mais desse seu amor. Foi o seu olhar o que me encantou, quero um pouco mais desse seu amor...” (Seu Jorge)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rio 2016


Sei que é um pouco tarde para falar sobre isso, mas estava amadurecendo a idéia, digerindo 2016. No início senti um pouco de vergonha, pois, com tantos problemas, R$ 28,8 bilhões (orçamento total para as Olimpíadas) seriam o suficiente para construir escolas decentes, hospitais que funcionassem, estradas sem buracos, polícia mais equipada, entre tantos outros problemas que seriam resolvidos com esse dinheiro.

Por outro lado... sempre tem o outro lado... a alegria estampada no rosto de cada cidadão presente naquela festa preparada em Copacabana... não sei, mas senti orgulho neste dia de ter nascido e criado nesta cidade tão linda... uma cidade em que as pessoas se alegram com pouco, mas um pouco que representa muito. Muitos ali não sabiam e continuam não sabendo, de fato, mas senti um gosto bom ao ter visto o resultado: Rio de Janeiro 2016, estamos dentro.

As dificuldades ainda estarão aí, mas o sorriso do povo, o orgulho, pessoas emocionadas chorando pelo resultado, não tem preço. Gostaria que pelo menos fosse desembolsada uma quantia paralela à essa para a resolução destes problemas que citei acima. Não critico, mas gostaria que os problemas tivessem o mesmo carinho e cuidado que as autoridades tratam o evento Rio 2016.


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Frase do Dia: "Em você eu sei me sinto forte, com você não temo a minha sorte e eu sei que isso veio de você... " (Rosa de Saron)