segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Conto - Foi-se

Duas pessoas distintas. Mundos diferentes. Valores, comportamento... tudo era diferente. A única coisa que os unia era a força do sentimento que sentiam. Juravam que nunca se separariam, que nunca mentiriam, enfim, que nunca fariam nada que pudesse abalar esse clima de “novo”.

As dificuldades eram muitas. A começar pela diferença social. Ele morava num apartamento duplex... daqueles que só o quarto já é do tamanho de uma casa simples. Ela, numa pequena casa no subúrbio de algum lugar. Ainda moravam com suas famílias. Logo, o relacionamento dos dois, não era mais surpresa para seus entes.

No início ele era recebido com muito carinho pelos familiares que moravam com ela. Quando ele chegava... era motivo de festa, pois era muito educado e fazia questão de se dar bem com todos. Ele tinha um futuro. Acabara de se formar e já tinha um início de carreira brilhante.

Ela ainda não tinha ido na casa dele, apenas conhecia os parentes dele por fotos. Certa vez até avistou os familiares dele saindo do luxuoso apartamento, porém não teve coragem de pedir para que ele os apresentasse.

Quando estavam a sós nada os atrapalhava. Tudo era sonho... bem real, cheio de planos. A ótima fase do relacionamento parecia trazer algo de ruim... Quando estavam muito bem, com um carinho inigualável... uma viagem.
É, ele foi convidado para fazer um curso fora e trabalhar na Europa. Assim que ela recebeu a notícia... tudo pareceu mudar. Como largar tudo? Trabalho, estudos... a família que ela ajudava a sustentar. Definitivamente não dava. Implorou para que ele ficasse, que tentasse construir sua carreira aqui no país, ou então que esperasse um tempo... que assumissem um compromisso mais sério... Não deu, ele não quis.
Exatos 2 meses após a sofrida notícia dada... ele embarcou rumo ao que queria. Preferiu ir e a deixou só... Não se sabe se por vergonha, por ela ser de uma família pobre... mas o fato é que ele foi... preferiu viajar a ficar com o amor de sua vida.
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Frase do Dia: "Você foi para um país distante. Li agora o seu cartão postal. Sua foto na estante. Te vejo ano que vem no carnaval" (Manno Góes)

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Conto - A mesma coisa, sempre...

Um dia, quando olhou para seu interior.... viu-se só.
Sua vida toda passou pela sua cabeça como um filme antigo e percebeu que tudo o que restava dela era o sépia dos filmes dessa época, o desbotado.

Pensou em tudo o que fez e viu que nada foi suficiente para ele. Queria mais, não queria ser apenas mais um. A idade avançada não lhe permitia mais mudanças bruscas em seu modo de ser, pelo menos em sua cabeça. Não percebia que tudo se ajeitaria, de uma forma ou de outra, e que as mudanças começam a partir dele mesmo.

Lembrou que tudo poderia ser diferente, se quando mais jovem, tivesse aceitado uma oferta de emprego. Não foi por besteira, por medo, ou sei lá o motivo. O importante é que não foi.

A solidão era sua companheira. Não assumiu nenhum compromisso importante, pois não se achava em condições de dar felicidade a alguém.

Depois de perceber que tudo o que aconteceu em sua vida foi única e exclusivamente culpa sua, se deprimiu. Sentou-se com aquele roupão surrado em seu sofá já rasgado pelo tempo, pegou uma xícara de café e foi ler seu jornal, como fazia todos os dias.


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Frase do dia: "O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim" (Charles Chaplin)

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Conto - Ele... Ela...

Aquele foi o último dia em que ele a teve em seus braços. Não fazia frio e nem calor, e a noite estava estranhamente bonita. Parecia que a lua já sabia do fim dessa história.

O carinho foi o ponto principal daquele instante. Ambos se tratavam como nunca, com carinho, compreensão e, acima de tudo, companheirismo. Foi uma noite bonita, numa galeria de arte, onde, após visitarem uma exposição, assistiram a um espetáculo teatral. Era estranho, pois pareciam saber o que aconteceria após aquele encontro, principalmente ela, que dizia que não sabia o que era viver sem ele.

Tudo o que o incomodava parecia ter sumido. Naquela hora ele poderia esquecer tudo e continuar seguindo, esquecer tudo o que o atormentava, mas era impossível para ele.

O beijo era dado com intensidade e o carinho como se fosse o último, e era. Seu coração estava doendo, mas aquela, naquele momento, era a melhor coisa a se fazer. Ele a fazia infeliz, pois não conseguia exteriorizar o que o incomodava. Tentava de alguma forma, porém, não obtinha sucesso. Ela continuava. Não parava com os atos que ele não suportava, e tudo foi se esvaindo, como um filete d’água sumindo ao fechar de uma torneira.

Antes de tomar essa decisão internamente ele pensou e tentou, de todas as formas, alertá-la de que existia algo que não estava fazendo bem aos dois, mas não era contundente o suficiente para que ela entendesse. Mas acho que mesmo que entendesse negaria o fato como sempre negou as outras coisas.

Passou um tempo... ele sentiu que era hora de esquecer aquilo tudo, colocar a vida para frente com ela. Recuperou as forças, digeriu o que o incomodava. Estava preparado para fazer aquela mulher feliz. Mas por obra do destino, ela já tinha outro. Outro já possuía seu corpo, aquele corpo que ela dizia ser só dele e somente dele.

Ele entristeceu. Não queria mais nada. A depressão tomou conta e seus sonhos se desmoronaram. Todo o ideal de vida sonhado foi por água abaixo. O estranho é que eles se gostam e parece que continuará assim, para sempre.
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Frase do dia: "A noite cai e não me deixa ver. Mas eu não olho pra trás (Não olho pra trás). Eu sigo em frente pra alcançar você. Você vai lembrar. Você vai lembrar. Você vai lembrar. Que eu sigo em frente pra alcançar você. Você vai lembrar. Você vai lembrar. Você vai lembrar. Você vai lembrar de mim" (Leandro Lopes)

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Fim...

O telefone ainda não tocou e acho que não tocará.
Acho, também, que as mensagens não irão mais chegar.
As lembranças de um passado próximo e toda aquela felicidade ficarão guardadas.
Não será só uma lembrança que sirva para contar uma história ou algo que passei. É elemento vivo e, pelo que parece, imortal dentro de mim.
Não quero mais chorar e nem ficar triste
Vou ter minha alegria de volta... custe o que custar.



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Frase do dia: "Todo sentimento precisa de um passado para existir. O amor não. Ele cria como que por encanto o passado que nos cerca. Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio com alguém que há pouco era quase um estranho. Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica" (Benjamin Constant)

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Esperei...

... segundos, minutos, horas e nada. O telefone não tocou. A agonia só aumentando e... nada. O telefone não tocou. Por que não tocou? Foi a noite mais longa de minha vida. A insegurança tomou conta e o desespero se alojou. Mas ainda me pergunto: Por que ainda não tocou? Nem as mensagens que chegavam para confortar chegaram. A hora vai passando e o telefone teima em não tocar.Sigo nesse misto de “in” felicidade na esperança de que a qualquer momento ela sinta a minha falta... aí sim.... o telefone irá tocar e as mensagens irão chegar.


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Frase do dia: "Eu sei, tudo pode acontecer. Eu sei, nosso amor não vai morrer. Vou pedir aos céus você aqui comigo. Vou jogar no mar flores pra te encontrar" (Papas da língua)