segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Conto - Infinito Azul

Tudo começou de uma forma que não me lembro, não sei onde e nem que horas, e muito menos o motivo. Só sei que aconteceu.

Tudo dava errado para Ele. Não tinha ninguém para compartilhar seus momentos ruins, e até os bons. Andava sempre sozinho. Os amigos? Eram escassos. Um aqui, outro ali, mas nada que realmente fizesse jus ao nome de “amigo”. Até que um dia conheceu Ela. Cabelos compridos até a cintura, negros como o carvão e mais brilhantes que um diamante. Tinha uma pele clara, um corpo escultural e olhos azuis infinitos. Tinha acabado de ser contratada. Não imaginava que Ela poderia ser sua, pois a achava tão linda que sentia-se inferior.

Fato é que cada dia que passava queria saber mais sobre aquela mulher tão linda. Era tão linda que “entortava” qualquer pescoço. Todos já percebiam o seu interesse nela, mas Ela continuava o tratando da mesma maneira que a todos.

Um dia ficaram no escritório até mais tarde. Ele, que não sabia que Ela estava lá, resolveu usar o fim do expediente para escrever algo que a entregaria. Escreveu e deixou o bilhete na mesa. Como pensava que estava sozinho, foi beber uma água e deixou o bilhete. Ela se aproximava de sua mesa. Lógico que não olharia nada na mesa de um colega de trabalho, mas por obra do destino o bilhete voou aos seus pés, no mesmo momento em que passava. Pegou do chão e leu : - “Você é tudo o que eu sempre quis e sei que jamais vou ter. Sei também que pode não sentir o mesmo por mim, aliás, tenho certeza. Mas acho que tenho o direito de mandar isso para você, mesmo que depois não me olhe nos olhos. Sinto um carinho infinito por você, infinito como o azul de seus olhos. Não quero ter a sensação de que nunca demonstrei ou falei o que sinto. É isso, não sei como foi acontecer, mas já te amo mais que amar. Mesmo não tendo você, você foi e sempre será o que de melhor aconteceu em minha vida”. Ao ler o bilhete as pernas dela tremeram e sentiu o que nunca tinha sentido em sua vida. Era amada pelo que era, e não por sua aparência.

Quando ele voltou, a viu. Parada. Em frente à sua mesa com o bilhete na mão. Mais que depressa Ele tentou se explicar. Num súbito movimento ela joga o bilhete no chão, chora... o segura com todas as suas forças e o beija. Fizeram amor ali mesmo.



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Frase do Dia: "Sempre tem um sapato velho para um pé descalço" (Autor desconhecido)

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